terça-feira, 22 de julho de 2008

A coladeira

Não se sabe ao certo a partir de que momento, entre as décadas de 20 e 50 do século XX, a coladeira começa a existir.

Não se sabe ao certo a partir de que momento, entre as décadas de 20 e 50 do século XX, a coladeira começa a existir. Contudo, há consenso entre músicos e investigadores quanto à maneira como ela surge: nos antigos bailes ao som de grupos de «pau e corda» (guitarras, cavaquinho, violino), a dado momento da noite a sonoridade melancólica da morna acaba por parecer monótona.
É então que alguém pede aos músicos que toquem no «contratempo».E logo a mudança de compasso, do quaternário para o binário, leva os pares a dançar com mais rapidez e vivacidade, reavivando a chama da festa e envolvendo a sala numa onda de animação pela noite fora. Por volta dos anos 40, usava-se a designação «morna-coladeira».

É a partir dos anos 50 que este novo género musical irá firmar-se, inicialmente na ilha de São Vicente, onde surgiram os seus principais compositores. Logo expande-se para todo o arquipélago e, na década de 60, assiste-se a um «verdadeiro surto» de coladeira.

Vibrante e sacudida, a coladeira terá não só no ritmo mas também nas letras características opostas às da morna, deixando de lado o romantismo e a melancolia para fixar-se na sátira social, com um certo atrevimento que muitas vezes chega ao «escárnio» característica presente, aliás, em outras formas musicais cabo-verdianas, como o finaçon (na ilha de Santiago) e o curcutiçã (ilha do Fogo).

Os ritmos latino-americanos em voga nos anos 50 e 60, como a cumbia e o merengue, terão influenciado a coladeira, assim como o samba já que a música brasileira, nas suas diferentes modalidades, foi sempre uma presença constante em Cabo Verde.

FIGURAS DA COLADEIRA
Frank Cavaquinho, Ti Goy e Manuel d´Novas são alguns dos compositores mais lembrados quando se fala em coladeira.
Entre os criadores mais recentes, refira-se Constantino Cardoso, Boy Gé Mendes, Tito Paris, Toy Vieira. Os três primeiros aparecem também como intérpretes. Dudu Araújo, Maria de Barros e Mariana Ramos são algumas das vozes cabo-verdianas em que a coladeira encontra canal de divulgação.

In Porton di nos ilha